No dia 13 de dezembro de 1912, nasceu LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO, na Fazenda Caiçara, em Exu, situada junto a Serra do Araripe, Pernambuco. Segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos, o Mestre Januário, sanfoneiro de 8 baixos afamado na região, e Ana Batista de Jesus, conhecida por Santana.
Falar de Luiz Gonzaga é uma tarefa difícil, mas o que podemos fazer aqui é prosear um pouco, sobre este consagrado cantor e compositor que apresentou em forma de versos o sertão nordestino para o mundo. É imprescindível olhar a obra de Gonzagão sobre tudo apartir de uma visão que esse transmitia do sertanejo, onde cultura e terra se constituem em um elemento indissociável que nem à distância nem o “pau-de-arara” podem separar.
Quando trazemos a ideia do sertanejo é importante dizer que este sujeito é caracterizado pelo vaqueiro que durante a seca, tange o gado em longas viagens à procura de água para saciar a sede do rebanho. Quando a seca aperta, ele enfrenta os espinhos de xiquexiques e mandacarus, corta o caule, queima para amolecer os espinhos e serve aos animais. Para enfrentar o perigo entre os espinhos e pontas de paus da caatinga, o vaqueiro veste o gibão, sua armadura. De acordo com o (museu Luiz Gonzaga) gibão é uma roupa feita de couro cru e curtido, que seca ao sol. O processo de curtir o couro é primitivo, deixando a cor de ferrugem e um forte cheiro característico. Por isso mesmo cultura de montaria trouxe a valorização do cavalo, que é bastante cantado por Luiz Gonzaga e em todo o Nordeste. Aqui, refletiu-se entre os espinhos brasileiros, com todo o heroísmo mitificado, provada pelas vaquejadas, cavalgadas, cavalhadas e pegas-de-bois, feiras e exposições de animais.
De acordo com Fernandes, 2008: O Brasil foi surpreendido por algo novo, aproximando mais da raiz e do “chão” brasileiros. O ritmo descontraído do baião, trazendo consigo elementos do Nordeste, através dos temas abordados e das histórias de seu povo, foi a fórmula ideal para os êxitos das canções de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, dentre as mais conhecidas: “No meu pé de serra”, “Assum preto”, “Mangaratiba”, “Qui nem jiló”, “Respeita Januário”. Gonzaga faria ainda músicas a partir de 1950 com outro parceiro relevante, o potiguar Zé Dantas: “Vozes da seca”, “Xote das meninas”, “Cintura fina”, “ABC do Sertão”. E de todas as suas música talvez seja a toada “Asa Branca” (1947) a mais conhecida.
Os elementos que ligam a vida do sertanejo a terra são cantadas de “có e saltiado” por Gonzagão :
“(…) A feira de caruaru Faz gosto a gente ver
Tem tudo que hái no mundo Nela tem pra vender,
Na feira de caruaru, Tem massa de mandioca.
Castanha assada, tem ovo cru.
Banana, laranja e manga.
Batata doce, queijo e caju, Cenoura, jaboticaba,
Guiné galinha, pato e peru. Tem bode, carneiro e porco
Se duvidar, inté cururu (…)”
Com sua obra de uma vez por toda Gonzagão, aliou as raízes nordestinas que até hoje é conhecida apartir das festas juninas, onde a dimensão do camponês ultrapassa as fronteiras do trabalho na roça e ganha uma conotação de expressão cultural. Como podemos ver nessa citação in Fernandes, 2008:
“Desde que existe mundo lá no Nordeste que o forró é eterno. Uma
coisa… tudo que se faz no Norte é com quê? É com forró! Cê vai prum
comício, a política é forró. Vaquejada o cara faz um forró. Num
casamento tem forró. Num batizado tem um forró (…) Então é tudo. Forró
tá ligado ao nordestino.”
Para finalizar deixemos esse trecho de uma das mais belas canções do Gonzagão para expressar o desafio ao longo desses 40 anos que as Feabentas e Feabentos de todo Brasil, vem enfrentando para construir a FEAB nossa de cada dia!
“(…) Minha vida é andar por esse país, pra ver se um dia descanso feliz, guardando a recordação das terras onde passei, viajando pelos sertões e os amigos que lá deixei (…)”
NTP de Juventude, Valores, Cultura, Raça e Etnia