8 de Março – Dia Internacional da Mulher

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Estudantes organizadas/os na FEAB acreditam na educação como forma de construção de conhecimento, desejando uma formação profissional diferenciada pautando, dentre outras, a soberania alimentar e a agroecologia, além disso lutam contra todas as formas de opressões e estão construindo consciência crítica, quebrando assim, a expectativa social estimada a profissionais voltados/as para o trabalho no campo.

 A entidade está inserida no processo constante de desconstrução de valores opressores impostos pela sociedade. Porém ela não está isenta de reproduzir essas contradições, que, por vezes, se refletem nos espaços de construção, formação e decisão dentro da própria federação, que continuam, na sua maioria, sendo ocupados por homens, decidido por homens, formando opinião com vozes masculinas, porém construído conjuntamente por mulheres.

 O papel das mulheres na política é tão invisível quanto o trabalho doméstico na sociedade capitalista e de mesma forma o primeiro (mulheres e doméstico) é fundamental para sustentar o segundo (política e sociedade capitalista) respectivamente.

 Apesar disso, avançamos no debate, a exemplo dos espaços auto-organizados e a própria reivindicação de paridade de gênero nos espaços, que ainda hoje é garantida através da luta das mulheres na Federação. Portanto nossa perspectiva é de que o debate Feminista seja um dos pilares prioritários na entidade, perpassando por todas as instâncias, espaços de formação (regionais e nacionais), mesas de debate, culturais, atos, painéis, oficinas e ações públicas.

Diante disso o processo de conscientização, participação e libertação das mulheres é de extrema importância para a transformação de pensamento e ações deliberadas pela Federação, nas quais, as mulheres necessitam questionar, opinar e decidir para assim, de fato, estarem inseridas na construção e orientação de novos caminhos e na própria mudança de práxis da entidade.

8 de Março – O Dia Internacional de Luta das Mulheres

 O 8 de Março é uma data marcada pela força das mulheres que sonham e lutam por seus direitos, onde as mulheres elevam suas vozes e seu poder de mobilização para irem às ruas continuar o caminho pela igualdade de gênero e transformação social.

 Dados alarmantes sobre feminicídios dizem que – Em 2012, houve 4.719 mortes por meios violentos (4,7 assassinatos por 100 mil mulheres), sendo que 38% foram mortas por parceiros. Num universo de 84 países o Brasil ocupa o 7º lugar! Se não houverem mudanças, até 2050, serão 330 mil mulheres assassinadas. O Brasil é o país que mais mata travesti no mundo, sendo o valor 4 vezes maior do que o México, que é o segundo mais violento. E segundo a ONU existe uma combinação cruel entre sexismo e racismo, onde em 2013 foram mortas 66,7% mais mulheres negras do que brancas.

 Em 2013 65 mil mulheres morreram no Brasil por hemorragia, hipertensão, infecção e aborto, de todos esses fatores de risco, o aborto é o que menos depende do sistema de saúde, por causa da legislação que só permite em casos de anencéfalo ou risco à saúde da mulher. As projeções são de que 800 mil e 1,2 milhão de mulheres fazem aborto a cada ano, em casa ou clínicas clandestinas. E na conjuntura, no que se refere aos direitos reprodutivos das mulheres, observamos que há grandes retrocessos como o PL 5069 que visa penas específicas para as mulheres que interromperem uma gestação e para quem as auxiliarem e ainda o projeto bolsa estupro como ficou conhecido estatuto do nascituro.

 Rompendo os silêncios: violência na universidade

 A universidade é um porão que guarda e acumula as mais diversas formas de opressões contra as categorias sistematicamente minorizadas. O local onde essas categorias buscam sua formação profissional, com o objetivo de ascensão social, é o mesmo no qual também está enraizado as estruturas conservadoras do capitalismo, machismo e racismo, então a violência institucional recai novamente sobre os/as oprimidos/as.

São inúmeras formas de violência, desde as mais veladas como piadas misóginas e desqualificação intelectual até as mais explícitas e humilhantes como trotes violentos, estupros, agressões, toques sem consentimento, assédio dentro e fora da sala de aula, professores sujeitando sexualmente mulheres em estágios e para obter nota, iniciando perseguição caso não seja correspondido. 67% das mulheres universitárias relatam ter sofrido violência de um homem na universidade ou em festas acadêmicas, quando informadas sobre todos os tipos de violência que podem ser cometidos (dados: Instituto AVON e Data Popular).

Sabemos que o desafio é grande, porém, levantamos a proposta de iniciarmos e/ou incentivarmos debates sobre a criação de ouvidorias nas universidades (nas quais não possuem), como ferramenta de combate cotidiano à violência de gênero, raça e sexualidade. Para isso podemos pesquisar sobre a experiências já existentes em algumas universidades como a USP que recebe denúncias, faz mediações e resoluções de conflitos e ainda possui o “disque trote” que recebe denúncias de trotes abusivos e violentos pelo telefone.

O NTP de Gênero e Sexualidade vem reafirmar o compromisso da FEAB de lutar contra as opressões na sociedade seja ela por gênero, raça ou sexualidade. Não deixaremos que os direitos conquistados se percam no conservadorismo, por isso Seguimos em Luta!

Para contribuir com a formação e acúmulo de militantes e base de nossa Federação, o NTP de Gênero e Sexualidade vem propor o “I Ciclo de Estudo em Gênero e Sexualidade”, que tem como objetivo iniciar o processo formação específica sobre o tema, contendo proposta de metodologia construída pelo NTP para ser realizado nas escolas durante o mês de março, havendo a possibilidade de modificações no conteúdo, de acordo com a realidade e necessidade formativa de cada escola. Além disso a proposta é de leituras e debates, porém não anula a utilização de recursos audiovisuais em cada escola.

1º Ciclo: -Gênero, o que é isso? BAIXE AQUI

2º Ciclo: -O problema sem nome

-Trabalho de mulher não tem fim

3º Ciclo: -As relações entre os sexos BAIXE AQUI

4º Ciclo: -Descobrindo a sexualidade BAIXE AQUI

Sem Feminismo Não Há Socialismo!

AROMAS DE MARÇO

(Às mulheres que ousam sonhar projetos)

 A forma mais suave da mais pura rebeldia

Traduz os traços deste

Ser Mulher

Desmedidamente ousada,

Inconfundivelmente capaz.

Transpira coragem,

Inspira unidade,

Conspira coletivamente

A construção de caminhos que rompem com a

Acomodação cotidiana.

Março traz consigo o aroma incomparável

Dos dias de confronto.

Das lutas, do campo, da camponesa, campesina.

Essa força lilás provoca pulsações e vibrações,

Interna e externa,

Internacional.

Ver-se nas formas de agir a pressa de prolongar jornadas,

Que enraivece os poderes, desestabiliza as ordens,

Planta a indignação e desperta as gentes.

Sente-se urgência de espalhar os aromas de março,

Que emana dos tempos de outrora e de agora.

Tem cheiro de Mulher,

Envolvente, impaciente, insubmissa.

Diva Lopes

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